População idosa cresce de forma acelerada e já supera número de jovens no Noroeste Paulista
De acordo com a Fundação Seade, o índice de envelhecimento — que mede a proporção de idosos em relação a pessoas com até 14 anos — já ultrapassa 120% em boa parte da região.
Por JORNALISMO EDUCADORA
Publicado em 12/08/2025 08:41
SAÚDE E QUALIDADE DE VIDA

Por Nathan da Rocha Cavitioli

 

O Noroeste Paulista registra um envelhecimento populacional acelerado, com o número de pessoas idosas superando o de crianças e adolescentes em diversas cidades. O fenômeno, mais intenso nas regiões de São José do Rio Preto e Araçatuba, segue a tendência observada em todo o Estado de São Paulo e no Brasil.

De acordo com a Fundação Seade, o índice de envelhecimento — que mede a proporção de idosos em relação a pessoas com até 14 anos — já ultrapassa 120% em boa parte da região. Isso significa que existem pelo menos 120 pessoas com 60 anos ou mais para cada 100 jovens. O Noroeste Paulista está entre as áreas mais envelhecidas do estado, ao lado de regiões como Barretos e Marília.

No Estado de São Paulo, a proporção de pessoas com 60 anos ou mais saltou de 4,4% em 1950 para 16,2% em 2022. Hoje, são cerca de 7,3 milhões de idosos, com crescimento médio anual de 4,1% — quase o dobro do ritmo da população total, que é de 2,2% ao ano. O índice de envelhecimento paulista passou de 11,6 para 86,7 no período de 72 anos.

O processo é resultado da queda na taxa de fecundidade e do aumento da expectativa de vida, impulsionado por melhorias na saúde, saneamento e avanços na medicina. Segundo o Censo 2022, no Brasil a proporção de pessoas com 65 anos ou mais cresceu de 7,4% em 2010 para 10,9% em 2022 — alta de 57,4% em doze anos. Já o grupo com 60 anos ou mais representa 15,6% da população, somando mais de 32 milhões de brasileiros.

Esse envelhecimento traz impactos diretos para a organização das cidades, especialmente na saúde pública, no transporte e na previdência social. Municípios pequenos, com até 10 mil habitantes, concentram os maiores índices — cerca de 60% deles já têm mais idosos do que jovens. A idade mediana também cresce: no Sudeste, passou de 31 anos em 2010 para 37 em 2022.

Outro destaque é a maior longevidade feminina. Estima-se que existam 132 mulheres com 60 anos ou mais para cada 100 homens. No grupo de 80 anos ou mais, elas representam 63,3% da população; entre 60 e 64 anos, 54,3%.

Para enfrentar os desafios, os municípios precisam ampliar políticas públicas específicas, como atendimento geriátrico na rede básica, criação de centros de convivência, melhorias de acessibilidade no transporte público e programas habitacionais adaptados. Entre as iniciativas já em vigor no estado estão o “Vila Dignidade” e o “Quero Vida”, voltados a oferecer moradia e assistência social a idosos em situação de vulnerabilidade.

O aumento da população idosa também pressiona as contas públicas. A razão de dependência — número de idosos em relação à população economicamente ativa — deve subir nas próximas décadas. Projeções do IBGE indicam que, em 2060, o Brasil terá 42 idosos para cada 100 pessoas em idade produtiva; hoje, essa proporção é de cerca de 14%.

Especialistas alertam que, no Noroeste Paulista, o avanço da idade média pode levar à desaceleração econômica se não houver renovação no mercado de trabalho e investimentos em qualificação profissional. Ao mesmo tempo, o cenário abre espaço para a chamada “economia prateada”, voltada ao consumo de pessoas com mais de 60 anos.

Diante disso, municípios da região devem intensificar o planejamento e fortalecer ações para garantir qualidade de vida à população idosa. Adaptação da infraestrutura urbana, ampliação da rede básica de saúde e incentivo à participação social estão entre as medidas consideradas essenciais para lidar com o envelhecimento populacional.

 

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